Trecho do ebook "A Aposta" da Autora Iná Poggetti

"— Obrigado. Se não nos convidassem, iríamos ficar ofendidos. — diz

Dilan.

— Imagina, é um prazer tê-los conosco, completa Fatô, já rindo e

imaginando o que virá então.

Ambos se sentam e pedem também comidas mais refinadas e ficam

olhando as moças, sorrindo e conversando. Futilidade é o que não falta, até que

Arthuro, com muito pouca delicadeza, entra no assunto chave da situação.

— Como vocês pagam essas refeições? Já vimos que foram ao balé.

Aquele teatro também não tem ingressos baratos e agora aqui…

— Estão nos seguindo? — pergunta Nani, fazendo ares de ofendida.

— Sim, quando contratamos alguém, não confiamos em escritórios de

agenciamento. Fazemos nossa própria investigação.

— Ah, pelo visto são também desocupados, não é? — diz Nani.

— Não precisa ofender. Tudo isso é a propósito de nossa própria

segurança.

— Ah, e querem saber agora, como pagaremos nossas contas?

— Sim. Não é óbvio?

— Sim, é óbvio. — responde Nani. — Não percebem? Vocês pagarão.

— Como assim? — diz Arthuro.

— Por que achou que não sabíamos que estavam nos seguindo?

— Tenho certeza que não sabiam.

Nani sorri e levanta as sobrancelhas. Encara os dois e continua

sorrindo, gostando muito de sua veia irônica.

— Ó! Doce ilusão esses homens vivem. Quando vocês plantam o milho,

já estamos com o bolo pronto.

— O quê?

— Pare Nani. — diz Fatô, apreciando cada vez mais o rumo que as

palavras começaram a tomar. — Você está roubando todo meu estrelato, Nani. Me

deixe explicar… é um chavão da nossa cultura… quando você pensa que somos

ingênuas, já ultrapassamos os seus conhecimentos.

— Ah! Quer dizer que são mais espertas?

— Sim, óbvio.

Todos riem, pois se não houver riso nesse momento, a única alternativa

é belicosa, então, é melhor rir. Então, quando o jantar termina, os rapazes pagam as

contas e saem todos do restaurante juntos."

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