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 "Era um rapaz que gostava das multidões. Faziam-no sorrir, chorar, crescer, cair, amar, detestar, gargalhar, enfim... Viver. Todavia, todos à sua volta começaram a menosprezá-lo tanto, não o aceitavam como era. Diziam ser ele diferente demais. “Fora dos padrões”. Certa vez, depois de ter sido ridicularizado pelos colegas de trabalho, decidiu dar o basta, a partir daquele dia, seria um eremita. Explicou então à única amiga, grande amiga dessas que vêm desde a infância, o porquê de sua decisão: “são homens assim os guardiões de um grande tesouro!”. Contou-lhe então de qual: “são eles os verdadeiros detentores da mais pura sabedoria!”. A garota, espantada, não compreendeu muito bem. Ele continuou: “um eremita é solitário, uma pessoa que se aparta das outras por tempo indefinido, indeterminado, dentro de sua mais sã consciência, embora a sociedade cisme em tachá-lo de diferente, louco. Indiferente a tais pensamentos, para ele demasiado pequenos, sai à busca do sossego, quer viver a s...

  "(...)- Olha bem pra minha cara e não faz a louca, não, porque você bem sabe que só pode ter sido por homofobia, Caio! A Rodolfo era mona... Tudo bem que só ela achava que conseguia esconder de alguém, né, mas cê sabe que todo mundo falava do jeitinho dela. Além do mais, tem aquele rumor de ter acontecido o mesmo com uma outra monyra que morava aqui no prédio, lá no primeiro andar. Lembra aquele dia que a genta tava xanando uma tatcha no quarto daquele bofe seu amigo, e ele comentou que tinha ouvido essa história? - Tô ligado. Acho que era Maicon ou Nilson o nome do maluco que falaram que foi assassinado, não era? Ah, mano, mas pra mim não passa de boato, cara... É igual aquela história do viado que se suicidou no terceiro andar do M2 por causa de bullying... Mano, não tem registro nenhum disso. - Em primeiro lugar, era Nícolas o nome dele! E bem menininha, inclusive... Que Deus a tenha. Depois, não é nada boato, eu bem acredito nisso. Só quem passa na pele pelo que a gente pass...

  Dono de um bom humor contagiante, o Autor Marcos Martins de “O Caso da Mariposa Negra” nos concedeu uma entrevista:   ENTREVISTA COM O AUTOR:   1. Você estudou na Rural. Como foi escrever uma história ambientada em um lugar tão conhecido por você?   Foi uma experiência ímpar, pois ter vivido a “vida ruralina” de modo intenso durante a graduação e o Mestrado (afinal, foram longos oito anos), passando por todos os sabores e dissabores daquele espaço, especialmente por ter residido no alojamento masculino (que, basicamente, ao ser antropomorfizado, é um personagem marcante do romance), ter sido bolsista do bandejão, onde eu literalmente fazia todas as minhas refeições, e ter passeado por todos os rincões do belíssimo campus-sede em Seropédica, certamente me propicia toda a propriedade para falar com precisão, ainda que através do meu olhar subjetivo de escritor, a peculiaridade, e por que não, grandiosidade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. ...

       A linguagem é uma das formas de comunicação do ser humano e existem muitas variantes dela. Existe a norma culta e aceita oficialmente com regras a serem seguidas. E existem outras formas de linguagem que dependem muito dos grupos sociais.       Adolescentes, por exemplo, tem toda uma forma diferenciada de falar; rappers usam palavras próprias do dia a dia deles; e ainda há o regionalismo, onde alguns termos são usados de acordo com a cidade ou estado em que a pessoa vive.       Enfim, temos uma grande variação linguística para falar com os nossos iguais por vários motivos, dentre eles por identificação àquele grupo, melhora no entendimento da comunicação entre eles ou ainda, uma forma codificada para que, quem não é do grupo, não entenda o que é falado. E o pajubá é uma destas formas.       Já considerado um dialeto, ele tem origem na fusão de termos da língua portuguesa com termos dos grupos étnico-l...

  Ambientado na UFRRJ (conhecida como Universidade Rural), surge um serial killer que suspeitam ser homofóbico. As suas vítimas são mortas com certas características (macabras, por sinal) como uma mariposa negra dentro da boca.  O gênero principal do livro é suspense, mas ele é dividido em dois atos com características um pouco diferentes: no primeiro, mais realista e o segundo já passa a ser um pouco mais sobrenatural.  Com personagens marcantes e cativantes (cada um com personalidade própria), narrativa bem humorada (o autor consegue mesclar palavras mais formais e ainda passear por gírias e o pajubá), ele quase age como um sociólogo/cientista social/antropólogo destrinchando o comportamento humano e social da rotina do local.  E fica longe de ser chato! É muito divertido. No final do livro o leitor já sente-se um aluno da Universidade, mesmo nunca tendo estado lá. Ficamos bem inseridos no ambiente caótico, problemático (certas vezes) e ao mesmo tempo, acolhedor....