Trecho do Livro "Meu Amigo Greg"


 


"(...) Embora este capítulo possa parecer um tanto fútil, ele é necessário para que o leitor possa compreender a evolução dos acontecimentos, os quais me levaram a sofrer crises importantes. Foi na segunda semana de minha estadia na NM que encontrei Érica. 

    Eu estava auxiliando na horta, colocando o fertilizante de acordo com as instruções dos coordenadores. Ao meu lado estava uma moça de uns 20 anos, morena. Era uma terráquea, sem dúvida. Não estou dizendo isso pela função dela, mas pela aparência física. No entanto, estava usando uniforme branco, exclusivo de landianos. Percebi que ela estava falando sozinha: 

    — Droga, acabou o meu fertilizante — a ouvi falar baixo, para si mesma. 

    Virei-me e perguntei: 

    — Você é do Brasil? 

    Ela assustou-se com minha pergunta e respondeu: 

    — Sou, sim, como adivinhou?     

    Respondi que a ouvi falando em monólogo. Ela riu bastante e respondeu que era do Nordeste, sem especificar o estado. É preciso explicar ao leitor que o trabalho dos passageiros na nave-mãe era voluntário, porém importante. A NM tinha uma tripulação própria, com funções específicas. Porém, o trabalho dos voluntários em muito ajudava. Explico isso para justificar a possibilidade de estar conversando com Érica em meio à tarefa em questão. 

    Outros ajudantes também conversavam entre si, e o ambiente era descontraído. Membros da tripulação da nave estavam sempre presentes, orientando os serviços, mas com muita cordialidade e simpatia. Aliás, quero deixar claro que, desde que conheci os landianos no acampamento de Astrônomos Amadores, nunca fui maltratado por nenhum deles. Pelo contrário, sempre fui cercado de simpatia, quase mimado. Às vezes senti certa indiferença ou um pouco de arrogância, principalmente após meus comentários, que eram, normalmente, infelizes. 

    Vendo que o uniforme de Érica era da cor branca, perguntei a ela há quanto tempo vivia em Landa. Ela disse que já fazia 15 anos (terrestres). É importante explicar, nesse momento, que os voluntários eram rodiziados nas várias tarefas. Ficávamos dois dias em cada serviço, sempre orientados pelos encarregados da tripulação. Além disso, podíamos optar pelo tipo de serviço. Hoje foi meu primeiro dia na horta. Tínhamos alguns intervalos para as refeições. Assim, nos intervalos e mesmo durante o serviço, continuei minha conversa com Érica, que, por sua vez, estava contente em conversar com um compatriota. 

    Perguntei se os terrenos podiam trabalhar como tripulantes, e ela me disse que não, mas que seu mentor era landiano e tripulante da nave, e ela veio acompanhá-lo. Seu mentor era um dos navegadores, ela explicou. Érica me contou que chegara em Landa com seus pais, ainda criança, e que foi adotada pelo seu atual mentor, há cerca de 8 anos. 

    Perguntei se era comum serem os terrenos adotados por landianos. 

    — Sim — disse ela —, é muito comum e é muito bom viver numa família landiana. 

    Ela me contou que os terrenos não adotados viviam em colônias separadas dos landianos. Tinham escolas próprias, o mercado próprio, tudo separado. Ocorreu-me perguntar se os mercados dos terrenos eram piores que os dos landianos. 

    Ela riu bastante e respondeu: 

    — Claro que não, os nossos mercados são muito melhores! 

    — Nós temos cotas como eles, mas temos maior variedade de produtos. E as nossas cotas são até um pouco maiores e mais sortidas. 

    — Como assim? 

    Ela explicou (o que Antonina já havia me contado) que os landianos têm cotas para os produtos, assim como os terrenos que vivem em Landa, nas suas próprias colônias. Mas, no mercado para landianos, os produtos são estereotipados. Por exemplo, disse ela, se você quer uma bota para neve, só existem três tipos, A, B, e C, ou níveis 1, 2 ou 3, dependendo dos locais em que você vai andar. E são todas de cor cinza. 

    — E você precisa trazer a sua bota estragada para pegar uma nova. Além do que, se a sua bota “estragada” não estiver muito estragada, eles não a trocam pela nova. É proibido possuir coisas. É tudo “assim” — ela disse. 

    Até esse ponto, Érica havia, simplesmente, repetido o que Antonina havia me explicado lá no sítio. 

        — Ao contrário dos mercados dos landianos, no nosso mercado existem mais tipos de artigos, são mais coloridos, tem muito mais escolha — continuou Érica. — Nos alimentos, também há mais escolhas.(...)"



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