Trecho do Livro "Procurando As Estrelas"
"Caminhamos em silêncio pelo deserto de ruínas, que
uma vez alguém chamou de lar. Não falamos, apenas arrastamos os pés sobre o
chão quebradiço, andamos e andamos e andamos mais um pouco. Sem rumo. Apenas
uma ilusão de que se continuarmos tentando, encontraremos um lugar que continua
intacto, que não foi afetado pelo homem, pelo caos e destruição que ele deixa
em seu rastro.
Duas horas e a paisagem continua a mesma. Duas
horas procurando algo que talvez nunca tenha existido. Aperto mais a mochila
que carrego, com certeza deixando uma marca em meus ombros. O céu nunca foi
azul. Percebo que isso era algo do qual Lis __ ou seja lá quem tenha implantado
aquele lugar em seu sistema __ não conseguiu esconder de mim.
O céu nunca foi azul. Era uma mistura de cinza e
avermelhado, como se o sol estivesse preso entre as nuvens cinzentas que o
cercavam, como se nunca fosse poder fazer seu trabalho. Como se estivesse preso
pela eternidade. Talvez estivesse. Mas aquele céu era belíssimo em comparação a
esse.
Aqui não temos a promessa do sol, não temos a
promessa de algo mais, temos apenas camadas e mais camadas cinzentas, algumas
tão escuras que dão a falsa sensação de que o dia já se foi, outras tão claras,
que parecem gritar em agonia, por estarem tão próximas da escuridão. Porque
talvez façam parte dela.
A compreensão de tudo o que sinto há algum tempo,
tira meu fôlego como nunca alguém vai conseguir fazer. Ela me estilhaça. Nunca
verei o céu azul que fantasiei ser da cor dos meus olhos. Nunca verei o sol do
meio-dia, ou o sol poente no horizonte que li que era ainda mais belo. Nunca
verei o mar. Nunca sentirei as águas cristalinas batendo em meus tornozelos
desnudos.
Nunca sentirei a areia certa, areia limpa e macia,
sobre minha pele. Nunca chamarei um lugar de lar. Mas fico feliz que alguém
tenha podido fazer todas essas coisas. Fico feliz que alguém tenha aproveitado
esses pequenos caprichos, que, para mim, são impossíveis. Fico feliz que
alguém, um dia, tenha tentado salvá-los. Tenha lutado para preservar essas
dádivas, tenha feito algo que nenhum dos outros tinha tempo ou paciência de
fazer.
Quero desesperadamente que essa pessoa tenha
existido. Que tenha sentido o sol lhe queimar carinhosamente a pele, que tenha
sentido a areia sob seus pés, que tenha decidido lutar para preservar esse
milagre. Porque acreditar que ela existiu é o que me impulsiona a seguir em
frente. Mesmo sabendo que sua luta foi em vão".
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