Trecho do Livro "Estórias de Treva e Luz"






 "Era um rapaz que gostava das multidões. Faziam-no sorrir, chorar, crescer, cair, amar, detestar, gargalhar, enfim... Viver. Todavia, todos à sua volta começaram a menosprezá-lo tanto, não o aceitavam como era. Diziam ser ele diferente demais. “Fora dos padrões”. Certa vez, depois de ter sido ridicularizado pelos colegas de trabalho, decidiu dar o basta, a partir daquele dia, seria um eremita. Explicou então à única amiga, grande amiga dessas que vêm desde a infância, o porquê de sua decisão: “são homens assim os guardiões de um grande tesouro!”. Contou-lhe então de qual: “são eles os verdadeiros detentores da mais pura sabedoria!”.

A garota, espantada, não compreendeu muito bem. Ele continuou: “um eremita é solitário, uma pessoa que se aparta das outras por tempo indefinido, indeterminado, dentro de sua mais sã consciência, embora a sociedade cisme em tachá-lo de diferente, louco. Indiferente a tais pensamentos, para ele demasiado pequenos, sai à busca do sossego, quer viver a si mesmo, conhecer-se, a fim de chegar a um novo conhecimento e reconhecimento da própria vida e das vidas que o circundam. Deixa o agito e a preocupação das cidades, para se refugiar na sua solidão e na da grande e vasta vida da natureza à procura das mais variadas e profundas reflexões. 

Seu estímulo passa a ser o aprendizado sobre o eu que é o seu próprio, porque o obriga a se fixar na eterna fluidez constante da vida efêmera e a voltar para si o espelho côncavo com que as demais pessoas procuram abarcar suas vidas fora de si próprias”. “Quero dizer, o silêncio que busca – e encontra – agrada-o pelo simples motivo de fazê-lo sentir capaz do esforço e com a coragem necessária para segurar o espelho.”

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