Trecho longo do livro "Morte, Pare!"

 

"Levantei-me e andei acelerada até a sala da perita. Diana. Além de ser a única pessoa ali em quem eu podia confiar, ela era a policial que trabalhava há mais tempo na delegacia. Portanto, conhecia Soares de longa data. Perguntei à queima-roupa.

— Doutor Mário Soares Guimarães. Você o conhece? É parente do Soares?

— É primo e muito amigo dele. Foi o nosso chefe quem pagou a sua faculdade de medicina. Fui à formatura dele e tudo. Você ainda não trabalhava na delegacia, Jane. Por quê você quer saber desse médico?

— Vamos almoçar, Diana.

— Às onze da manhã? Ficou doida?

— É urgente. Você vai entender. Assim que chegamos à rua, pedi que ela me levasse até a corregedoria da polícia civil.

— Você não namora um policial de lá, Diana?

— Namoro. Um gato. Na verdade ele é o chefão. O Corregedor-Geral de Polícia Civil.

— Perfeito! Vou contar tudo a vocês dois. O Corregedor-Geral de Polícia Civil de Fazendão, Doutor Bruno Martins, abriu imediatamente um espaço na sua agenda para nós duas.

Então, revelei os indícios que a minha investigação levantou. Indícios que eu acreditava apontarem para Soares como um agente das mortes de Olavo e Otávio.

— Quero denunciar Péricles Soares, Doutor Martins. Desejo que a Corregedoria investigue também e ajude a produzir mais provas. Para começar, soube agora, por Diana, que um primo do Delegado - um parente a quem ele pagou o curso de medicina -, então, eu descobri que foi ele o médico responsável tanto pelo atendimento na ambulância quanto, junto com o legista, pela assinatura no atestado de óbito do Otávio. Ele foi um dos mortos do duplo assassinato no Hotel Central. Então, esse atestado ao qual eu me referia ficou pronto na velocidade da luz porque o meu chefe pediu urgência, ou seja, ele estava fazendo de tudo para que o caso fosse arquivado o mais rápido possível. Logo no início da investigação eu soube, pelo recepcionista, que ninguém no hotel tinha dado queixa de perturbação do sossego. E essa chamada teria sido o motivo de Soares, segundo o próprio, ter se deslocado até o local. O mesmo concierge revelou que ele, ao chegar, perguntou-lhe qual era o quarto de sua esposa. Sonia. E levantei outros depoimentos."

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